A infertilidade, segundo a OMS, afeta 48 milhões de casais e 186 milhões de indivíduos em todo o mundo. Sobre o tema, recentemente, foram publicados dois artigos que contaram com a co-autoria da nutri e sócia da clínica, Thaís, em um trabalho de colaboração com pesquisadores da Monash University.
O estudo “Can Dietary Patterns Impact Fertility Outcomes? A Systematic Review and Meta-Analysis”, teve como objetivo avaliar o efeito de diferentes padrões alimentares sobre fertilidade em populações que concebem espontaneamente e naquelas que necessitam de tecnologia de reprodução assistida. Após extensa revisão da literatura, chegou-se ao número de 11 estudos que avaliaram o efeito de dez padrões alimentares diferentes, agrupados para análises nas categorias: mediterrâneo, saudável ou não saudável. A evidência preliminar, porque os estudos são inconsistentes, apontada como mais promissora parece ser a de que a dieta mediterrânea melhora a probabilidade de alcançar desfechos reprodutivos, incluindo o número de gestações e de nascidos vivos, bem como diminui o risco de perda gestacional. Não obstante, o artigo destaca que mudanças na dieta são uma intervenção de baixo custo e que implicam em benefícios duradouros em diversos domínios da saúde humana - e não apenas na fertilidade.
Já o artigo “Assessing the influence of preconception diet on female fertility: a systematic scoping review of observational studies” incluiu 36 estudos, publicados entre 2007 e 2022, e buscou responder a seguinte questão: qual a relação entre dieta pré-concepção e fertilidade feminina? 👀 Mais uma vez a dieta mediterrânea, em conjunto com as evidências de redução da ingestão de ácidos graxos trans e alimentos industrializados (fast foods e bebidas açucaradas), mostraram-se potencialmente benéficas no aumento do número de gestações espontâneas e também para as mulheres que necessitam de tecnologia de reprodução assistida. Ainda há limitação e heterogeneidade da literatura disponível, reforçando a necessidade de explorar mais intervenções com foco na nutrição da mulher no período pré-concepcional. Mas, na mesma linha do estudo anterior, a revisão evidencia que seguir algumas das abordagens dietéticas, como a adesão à dietas anti-inflamatórias, por exemplo, são consistentes com diretrizes amplas sobre alimentação saudável, têm pouco ou nenhum risco associado, e oferecem um conjunto razoável de possíveis benefícios.
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F&T Notes: pelas nutricionistas Fernanda Bernaud e Thaís Rasia
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