Low carb ou low fat? Uma única dieta para perda de peso pode ser apropriada para todos os indivíduos? É bem provável que não, pois diferentes pessoas terão diferentes resultados no seguimento de determinada dieta. Nos últimos anos, alguns biomarcadores vêm sendo estudados como preditores da perda de peso. Em uma revisão sobre o assunto, os pesquisadores chegam à conclusão de que níveis de glicose e insulina no início do tratamento nutricional podem interferir nos resultados, portanto diferentes padrões de dieta deveriam ser prescritos para pessoas com alterações nesses dois parâmetros.
Estudo exploratório publicado recentemente no The Journal of Nutrition apontou que diferenças individuais nos níveis de insulina ao início da dieta previram mudanças na composição corporal, ou seja, na perda de massa de gordura e massa magra ao final do seguimento. Dietas com restrição calórica para perda de peso sabidamente induzem perda de massa de gordura e também de massa magra, sendo que as mudanças em ambas variam entre os indivíduos, podendo estar relacionadas a diversos fatores, incluindo genética, sexo e idade. Agora, o que essa pesquisa demonstrou é que diferenças individuais na dinâmica da insulina também podem influenciar mudanças na composição corporal em resposta à dieta.
Os pesquisadores testaram a hipótese de que a insulina prevê mudanças na composição corporal em adultos com IMC elevado após grande perda de peso. Os participantes com maior nível de insulina perderam mais massa magra e menos massa de gordura total e abdominal em comparação aqueles com menores valores de insulina. Tais resultados sugerem que as diferenças basais na insulina podem influenciar mudanças na composição corporal independente da perda de peso, impactando, a longo prazo, o sucesso da manutenção do resultado e a saúde metabólica. Em que pese novos estudos sejam necessários para confirmar os achados, estes permitem compreender melhor os mecanismos biológicos que influenciam a composição da perda de peso e a influência da secreção e resistência à insulina na predisposição à recuperação de peso e resposta negativa à restrição calórica.
De acordo com a revisão citada no primeiro parágrafo, a maior perda de peso nessas pessoas com resistência à insulina aconteceria com uma dieta de baixo índice glicêmico e com maior teor de fibras e proteína. Não custa lembrar que a avaliação dos exames de sangue antes do início de qualquer dieta em adultos com excesso de peso é relevante para melhor prescrição nutricional. Outros fatores que estão em estudo e podem interferir na personalização do tratamento incluem o microbioma intestinal, como já discutimos em algumas newsletters e também no nosso webinar, que para quem não viu segue o link:
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