Mitocôndrias: a casa de energia das células
As mitocôndrias são componentes das nossas células responsáveis pela maior parte da produção de ATP (adenosina trifosfato), a moeda energética utilizada pelo nosso corpo. Essas estruturas celulares são essenciais para o metabolismo porque convertem energia química obtida através da ingestão de carboidratos, proteínas e gorduras em ATP. A quantidade de mitocôndrias em cada órgão, portanto, varia conforme a sua necessidade energética; músculo esquelético, rins, fígado e cérebro contêm maior quantidade de mitocôndrias do que outras partes do corpo. Ocorre que se elas não estiverem funcionando bem, o resultado será não só menor produção de energia, mas também disfunções orgânicas e envelhecimento precoce.
A desregulação da mitocôndria destrói a capacidade de oxidar gordura. De fato, existe uma diminuição na atividade mitocondrial no tecido adiposo subcutâneo em indivíduos com obesidade. Além disso, pesquisadores vêm relacionando o diagnóstico de diabetes, enxaqueca, depressão, doenças neurodegenerativas e câncer à disfunção mitocondrial. Alteração essa, associada a formação excessiva de espécies reativas de oxigênio, que levam ao estresse oxidativo e à morte celular.
Como você mantém uma boa função mitocondrial?
O excesso de nutrientes (overnutrition) pode desencadear um processo inflamatório relacionado à inibição da biogênese (replicação) mitocondrial e aumento do estresse oxidativo. Portanto, a restrição calórica e o exercício físico parecem ser as melhores estratégias para aumentar a replicação mitocondrial e otimizar a produção de energia.
De outra forma, o estresse oxidativo causado pela disfunção mitocondrial, sendo uma das causas das doenças metabólicas, pode ser controlado por antioxidantes dietéticos. Diversos estudos clínicos observaram que antioxidantes como: Vitamina E, Coenzima Q10, N-Acteilcisteína, Glutationa e Ácido Alfa-lipóico reduzem as espécies reativas de oxigênio e podem melhorar a glicemia em pessoas com diabetes. Podemos encontrá-los em oleaginosas (n-acetilcisteína e vitamina E), azeite de oliva, folhas verdes, sementes (vitamina E), brócolis, tomate, espinafre, couve de Bruxelas (ácido alfa-lipóico).
Resveratrol
O resveratrol, um polifenol encontrado principalmente na casca e semente das uvas, é um potente antioxidante que já foi relacionado à biogênese mitocondrial. Outras fontes alimentares de resveratrol incluem: chocolate amargo, frutas vermelhas como cranberry, mirtilo e morango; também pode ser encontrado no vinagre, no pistache e no amendoim. Doses de suplementação avaliadas em ensaios clínicos variam de 8 a 1500 mg/dia. Um efeito significativo do resveratrol na biogênese mitocondrial foi encontrado com uma dose de 2000 mg por dia.
Confira o conteúdo de resveratrol em alguns alimentos no link: http://phenol-explorer.eu/contents/polyphenol/592
No entanto, as concentrações ideais de suplementação ainda não foram estabelecidas, assim o consumo de resveratrol e outros antioxidantes através de alimentos é a alternativa mais segura até o momento.
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F&T Notes: por Fernanda Bernaud e Thaís Rasia
Colaboração: Isadora Randon Barbosa (biomédica e estudante de nutrição)
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