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O blog das nutricionistas
Fernanda Bernaud & Thaís Rasia
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Como ajustamos nosso relógio biológico?



As descobertas sobre os mecanismos que regulam o nosso ritmo circadiano (circa = ao redor, diano = dia) realizadas por Jeffrey C. Hall, Michael Rosbash e Michael W. Young foram agraciadas com o prêmio Nobel de medicina em 2017. A noção de que nosso corpo é regulado por um relógio interno é bem antiga, mas foi a partir da descoberta desses grandes cientistas que conseguimos compreender como esse relógio é regulado. Utilizando mosquinhas de frutas, eles conseguiram isolar o gene responsável pelo controle dos ritmos biológicos, chamado de clock gene. A função desse gene é produzir uma proteína, cujos níveis oscilam em um ciclo de 24h, em sincronia com o ritmo circadiano. Esse gene tem a mesma ação em outros organismos multicelulares, incluindo nós humanos. Nosso relógio interno é extremamente preciso e regula diversas funções como: produção de hormônios, temperatura corporal, sono e comportamento. Portanto, parece óbvio que se se existir um desequilíbrio que interfira na função do clock gene, como observado em trabalhadores noturnos, haverá consequências deletérias para a saúde. Pesquisas recentes têm indicado que os nutrientes interagem com esse relógio, sendo o efeito da dieta na ritmicidade circadiana conhecido como CRONONUTRIÇÃO.

A seguir um exemplo de um estudo avaliando crononutrição: Vinte adultos saudáveis foram submetidos a dois protocolos de dieta, em um deles o jantar seria às 18h e no segundo momento às 22h. Os participantes tiveram as suas respostas metabólicas antes, durante e após os jantares (18 versus 22h) comparadas. O que os autores identificaram? 1. Agudamente o jantar às 22h induziu intolerância à glicose durante a noite e reduziu a mobilização e oxidação de gordura, o que pode elevar o risco de obesidade e diabetes a longo prazo; 2. Os participantes mais matutinos (hábito de dormir mais cedo) foram os mais suscetíveis às alterações.

Outro exemplo, abaixo: Dezenove adultos com síndrome metabólica (diagnóstico com base em alterações nos níveis de glicose, colesterol, triglicerídeos, circunferência da cintura e pressão arterial) seguiram por 12 semanas uma restrição do tempo de alimentação de 10h (das 6h às 18h), ou seja, 14h de jejum todos os dias. Ao final do estudo, os participantes tiveram melhora em todos os parâmetros avaliados, como peso corporal e níveis de glicose.

Link de acesso ao vídeo com o resumo do artigo:

Cabe ressaltar que os 2 estudos apesar de terem sido publicados em excelentes revistas, possuem limitações e que, portanto, os resultados ainda não podem ser generalizados, ainda precisamos avançar com a análise de novos estudos.


O ritmo circadiano antecipa e adapta nossa fisiologia para diferentes fases do dia. Ajuda a regular padrões de sono, comportamento alimentar, liberação de hormônios, pressão sanguínea e temperatura corporal. *Adaptado de: https://www.nobelprize.org/prizes/medicine/2017/press-release/

E você, alguma vez já se preocupou com o horário em que realiza as suas refeições e o impacto disso na sua saúde?

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F&T Notes: pelas nutricionistas Fernanda Bernaud e Thaís Rasia



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