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Fernanda Bernaud & Thaís Rasia
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A polêmica dos adoçantes: Parte I


Você consegue se alimentar sem precisar utilizar adoçantes? Sentindo apenas o sabor natural dos alimentos? No universo dos adoçantes, estão presentes os açúcares, entre eles o açúcar de mesa (sacarose) e o mel, além dos adoçantes naturais calóricos (xilitol, sorbitol, maltitol e eritritol), que contém em torno de 50% menos calorias que os açúcares, e os adoçantes artificiais não calóricos (aspartame, sacarina, sucralose, ciclamato e acessulfame-K). A ideia por traz da substituição dos açúcares por adoçantes artificiais não calóricos estaria relacionada à redução da ingestão de calorias, e assim sendo, facilitaria o processo de emagrecimento. Essa hipótese é simplista, portanto, tentaremos desmistificar essa questão abaixo.

Você sabia que os adoçantes artificiais não calóricos foram descobertos em laboratório? Devemos essa descoberta a alguns cientistas corajosos – como Constantine Fahlberg (1), que descobriu a sacarina em 1879 -, que violaram o código de higiene de laboratório e provaram misturas de substâncias químicas, muitas vezes inadvertidamente. O brilho dessas descobertas estava no fato de que essas substâncias adoçam muito mais do que os açúcares. Além disso, o impacto dessas substâncias na glicemia é mínimo ou inexistente, por não serem absorvidas, permitindo assim, o uso por pessoas com diabetes. Recentemente, uma revisão de ensaios clínicos chegou à conclusão de que a substituição do açúcar por adoçantes artificiais não calóricos levou a maior perda de peso (2). No entanto, aplicar esses resultados na via real, fora do ambiente controlado de pesquisa, não é tão simples assim.


De todo modo, qual é o real problema para a saúde? Não se desvencilhar do sabor doce. Por que isso pode ocorrer? Basicamente porque o sabor doce na ausência de calorias pode aumentar o apetite. Pesquisadores, ainda em 1986, observaram maior pontuação de fome nos participantes que ingeriram aspartame, comparados aos que ingeriram glicose (3). Isso acontece porque há uma inconsistência entre o sabor doce e o conteúdo calórico consumido. Outro exemplo disso é o que ocorreu nos estudos de Lavin, King e seus colaboradores, em que o grupo de pessoas que consumiu refrigerante adoçado com açúcar ingeriu menos calorias durante a refeição, quando comparado ao grupo que consumiu refrigerante com adoçante artificial (4, 5). Assim, por mais que os adoçantes artificiais não contenham calorias, o mecanismo de controle do apetite pode, ao longo do tempo, elevar o consumo de alimentos em outras refeições. Interessantemente, os adoçantes de origem natural, xilitol e eritritol parecem não causar esse efeito compensatório no aumento do apetite (6, 7). Esses compostos estão presentes em pequenas quantidades em algumas plantas – mas aqueles que encontramos nos mercados geralmente são produzidos a partir de açúcares simples ou amido. São substâncias que apresentam calorias e que podem impactar na glicemia de diferentes formas após o seu consumo (8). Portanto, xilitol, eritritol, manitol e sorbitol devem ser observados quanto ao seu efeito no controle glicêmico, principalmente em pessoas com diabetes.

Em suma, os adoçantes naturais parecem ser mais benéficos no metabolismo e vias inflamatórias comparados aos adoçantes artificiais e é claro, quando comparados aos produtos com adição de açúcares (9). No entanto, precisamos de mais evidências para concluir que os adoçantes naturais são a melhor escolha também para pessoas com diabetes e com resistência à insulina. Um aspecto negativo desses adoçantes é que por serem parcialmente absorvidos pelo intestino, podem causar sintomas gastrointestinais, assunto que abordaremos na parte II. Por fim, convidamos você a refletir sobre a seguinte questão: não seria melhor sentir o real sabor dos alimentos, ao invés de mascarar com a adição de açúcares e adoçantes? Há a possibilidade de, com o passar do tempo, você sentir as nuances de cada alimento que antes não era capaz de perceber. Essa é uma reflexão baseada em experiências profissionais de sucesso na mudança de hábitos alimentares.


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F&T Notes: por Fernanda Bernaud e Thaís Rasia

Colaboração: Isadora Randon Barbosa (biomédica e estudante de nutrição)


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